VIDA DE HOSPITAL

Vira e mexe eu tenho falado de plantões.
É que uma das minhas identidades é funcionária pública, recepcionista do plantão. Que seria uma emergência, se este hospital tivesse emergência.
Aqui é uma emergência clínica, interna.
Significa que não tem atroleda, nem baleado, nem nada disso. Estou aqui pra atender os cara que estão em tratamento e passam mal em casa (p.e.
câncer, renais crônicos, cardíacos)
Acontece que é em frente a uma favela enorme e tradicional do Rio de Janeiro, famoso pelo SUS precário.
Acontece que eu passo 30 horas, toda semana, falando: “não, minha senhora, aqui não é emergência”
“não minha senhora, não me mande tomar no cu, acordei 4 e meia da manhã e tomei banho, me maquiei toda pra sorrir igual ao Silvio Santos e a senhora me manda tomar no cu.”
“não minha senhora, eu nãoi quero que a senhora morra” (embora em meu íntimo não seja má idéia.
E a velha imbecil que teve a infeliz idéia de falar comigo batendo palmas “anda logo filhinha, é uma emergência, anda”
e eu com a impressora quebrada. E a minha chefe ao lado, que tinha acabado de PROIBIR que eu fizesse ficha de atendimento para quem quer que fosse sem passar por ela primeiro?
e o telefone, que não para de tocar?
E aqueles imbecis sem a mínima noção que fazem mil perguntas de uma vez mas não conseguem calar as malditas bocas nem por um segundo, e enquanto eu tomo fôlego pra responder, ele já estão perguntando outra coisa??
E os prolixos??
Cara, eu ODEIO os prolixos!!
Tipo assim: “boa tarde. É que semana passada, eu caguei mole. Aí anteontem eu comi três rabanadas na casa da minha vó. aí, minha astróloga me ligou ontem, meu pai tomou um porre, e…”
e agora CARALHO??? TA SENTINDO O QUE???
Hoje eu to de plantão. Domingão de sol. Acordei as 5, fiquei sentada aqui pra que?
Cinco doentinhos fizeram a gentileza de aparecer, talvez para que eu lamente menos ter perdido o praião que deu hj.
19:05
ESTOU LIVRE!!!!!!!!!!!!!

PLANOS MAQUIAVÉLICOS

Neste final de ano, consegui recuperar (em 20 Dias!) os 5Kg de levei dois meses para perder. Fui à praia ontem e fiquei meio sem-graça com a minha forma física de mãe de duas e recepcionista que fica sentada por 12 horas em cada plantão aceitando balas e chocolates dos pacientes generosos.
Pretendo colocar uma faixa enorme atras de mim, na recepção, dizendo:
” por favor, não alimente este animal. Ela não sabe dizer não pras guloseimas que vcs gentilmente ofertam!”
Mais tarde eu vou traçar um plano infalível (pareço até o cebolinha… assim, os planos sempre falham) de caminhadas, frutas, peixes e tudo o que há de verde-comestível por aí.
Os últimos meses foram frenéticos em termos de noitadas. Eu adoro sair, beber, jogar sinuca, dançar e etc, mas o que ganhei com esta vida de pop star foi: olheiras, quilos extras, barriga, sono durante o dia, e aborrecimentos.
Muitos aborrecimentos.
Porque será que uma mulher não pode ainda viver a vida como quer, sem ser crucificada pela grande massa neurótica e recalcada?
Ontem eu tava super triste por ter sido xingada pelo meu ex , quando vi o post da divorciada em http://3xtrinta.blogspot.com/2009/01/mulheres-que-amamos-amar-leila-diniz.html
Foi o que me fez sorrir novamente.
Desde Leila Diniz, ou melhor, desde Chiquinha Gonzaga que as mulheres libertárias ao extremo sofrem com as perseguições e maledicências da grande massa de homens e mulheres neurótica e recalcada, que não tem mais o que fazer e fica falando da vida dos outros ao invés de olhar pra si. Agora, uma coisa eu garanto: vai ter resposta. Ah! se vai!!!
Ser libertária e ser vulgar são coisas completamentes distintas para mim.
Dar pra quem a gente quer, por puro tesão, não é vulgar.
Vulgar é sair por aí julgando a vida dos outros, é não ter vida para viver e assim precisar desesperadamente apontar o que (consideram) defeito alheio.
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Voltando ao assunto pop star, vou fazer um mea culpa. Vida de pop star que se preze tem luzes, festas e nights, mas começa pela academia e continua por dietas espartanas.
Queridinha, se vc já passou dos 30, conforme-se:
não dá pra beber cerveja na praia, depois comer churrasco, depois sair e beber mais um montão de cerveja, acordar de ressaca no dia seguinte e pedir uma lasanha por telefone.
As novas táticas serão as seguintes:
1- anotar tudo, tudinho que eu comer durante o dia.
2- preparar um belo cardápio, variado, colorido, sem gordura e com todos os alimentos que fazem de uma mulher uma SUPER mulher.
3-caminhadas diárias de 50 minutos, mesmo se estiver chovendo.
4-por pelos menos 10 dias, nada de pão, macarrão, arroz e cerveja.
No mais, um pouco de alongamento e meditação.
Meu problema não é ser libertária, mas sim ser libertária em volta de tantos babacas.